Três dedos de conversa

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Domingo, 21 de Agosto de 2011

Respeitinho que eu sou mais nova...

Podem ser restos de uma adolescência não muito longínqua ou de uma juventude alargada mas continuam-me a fazer espécie de confusão as aulinhas de moral. Faz-me comichão quando uma pessoa usa o argumento da idade para assumir a sua posição, “ah e tal como sou mais velho tenho razão!” É como se alguém tivesse via verde numa corrida com 5 portagens para ver quem tem razão.

Não gosto quando pessoas que não conhecem mais do que o meu nome me avaliam pelo meu historial ou me comparam como o estereótipo que eles fizeram na cabeça para pessoas com 22 anos. Primeiro caracterizam-me por eu ser da “Geração á Rasca” como se eu estivesse à partida de acordo com tudo o que se tornou o movimento. Começo por dizer calmamente que para mim não existe só uma geração á rasca, existem várias, e não sei se são gerações se são pessoas. Há por aí indivíduos de 22 anos que não conhecem a palavra dificuldade e há por aí mais uns tantos que conhecem a palavra muito bem e todos os seus sinónimos.

Depois dizem “Ah, no meu tempo é que era mau, vocês nem sobreviviam, aquilo é que era!” Ora bem, nesta fase a discussão começa a ser mais difícil visto parecer haver interferência na comunicação, como se quando eu falasse soasse a rádio mal sintonizada.  

Isto do português comparar sempre quem está pior, quem está pior e sobreviveu ganha, quem morre perde sempre. Por vezes vejo o “sábio com mais de 22 anos” a desejar que passássemos por isto, que estas injustiças são inevitáveis e que merecíamos para mostrar que estamos mal habituados, como se todos os jovens fossem uns meninos mimados, consumistas a gastar o dinheiro dos pais nas propinas da universidade, mal sabendo eles que só alguns gastam o dinheiro dos país nos bares das cidades universitárias. Para mim é triste criticarem-nos, aos jovens, por exigir direitos no trabalho, na saúde, na educação, na habitação. Como se fossemos culpados por eles não terem tido oportunidades que hoje parecem estar mais acessíveis. Algumas estão de facto mas outras passaram a ser piores do que no tempo deles. É mau pedir progresso social e económico? Temos de nos sujeitar a este mal de uma sociedade inconsciente e apática sem fazer nada? Parece difícil mostrar que não há facilitismos agora, que a concorrência é maior e mais feroz, e pior, é desigual.

Acho que a geração anterior tem pena de não ter arranjado um nome próprio para eles. Tenho pena que não tenham orgulho em mostrar que são filhos de Abril, nós somos os netos à rasca de Abril, porque alguém se esqueceu que era filho.

Na verdade Abril pode ter sido mais um caso difícil de partilha de bens. Bens de espirito, de ideais principalmente. Só alguns filhos ficaram com os ideais de liberdade, solidariedade e igualdade na memória, alguns trocaram-nos rapidamente por mais uns testões, uma ou duas orações, uns quantos palavrões.

Tive a sorte da cegonha me colocar numa família filha de Abril, que me ensinou a dar valor ao que tenho e de lutar por mais, pelas minhas mãos, apoiando-me sempre da maneira que só eles conseguem porque este mundo não foi feito para os pobres sonharem. E na minha pobreza, que não é de espirito, faço-me ao mundo como posso, tentando quebrar as limitações impostas. É por isso que oficialmente desde os 16, na verdade até antes, que vou lutando para ir amealhando experiências e conversas fora da vila com os trocos que consigo.

Até admito que a idade possa ser argumento apenas quando ligada com experiências de vida, porque ter 100 anos em frente à televisão ou 200 sem sair da vila, ou no máximo até ao Algarve em férias e uma vez a Espanha para comparar caramelos, não me chega.

Tenho 22 não com muitas mas com algumas experiências, principalmente fora da minha vila e só fui ao Algarve duas vezes. Das experiências melhores que fui tendo foi em partilhas e em conversas, em que raramente se utilizava o argumento da idade para se ter razão. E podem acreditar que já falei muito com pessoas mais velhas e pelas quais tenho a maior admiração e respeito, e mais do que isso, amizade genuína.

E sim, é o respeito a base de qualquer coisa, principalmente em conversas. E continua a fazer-me confusão de me terem como uma menina mimada, que só deve ter direito aquilo que os outros tiveram, não é legítimo pedir mais.

Aqui fica o desabafo de um dia cheio de conversas, algumas mais difíceis do que outras. 

publicado por Joana às 06:32

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