Três dedos de conversa

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Quinta-feira, 26 de Julho de 2007

Á minha avó

Ela carrega com 70 anos de vida em cima, dela vieram os melhores biscoitos e os melhores bolos que alguma vez comi.

 Nasceu na Povoa da Varzim, com o nome de Liberdade. Ao meu bisavô, um pescador com ideias revolucionárias, quiseram contrariar e fizeram com que uns anos depois a minha avó se passa-se a chamar Adelaide. Com ela só ficou o Dias da Costa.

Não conheço infantários. Foi ela que cuidou de mim. Obrigava-me a comer a sopa, punha-me pimenta na lingua com esta não tinha tento, contou-me muitas estórias da infância vivida entre dois continentes, de uma adolescencia em Angola e depois o retorno á terra.

 Muitas dificuldades passou esta mulher. Alegrias outras tantas. Ela quiz viver assim... e fazia-me sentir o mesmo com as canções de embalar e as mãos na testa para ver se tinha febre.

Após a morte do meu avô fiz-me estar presente todos os dias da semana em sua casa. Partilhamos tudo.

Agora em férias passo lá menos tempo, nem sempre dispenso a sua sopa ao almoço, mas ouço sempre a sua voz a dizer "beijinhos e si cuida" ao telefone.

Esta heroina que desde sempre tomou conta de crianças e têm mais netos do que os filhos dos seu filhos.

Desde um  miudos de 5 anos a uns quantos licendiados, casados e com filhos, doutores que aprenderam a fazer as bolinhas e os pauzinhos em casa da minha avó num caderno de duas linhas. Foi ela que lhes segurou no lápis e aos poucos eles foram aprendendo a fazer as cópias e a contar muito pra lá do muito. Tendo em conta que está mulher não ia á escola e que pouco mais sabe que ler  e escrever, fez com que eu e outros fossemos a saber aos 6 anos aquilo que ela sabia de toda uma vida. Humilde soube passar aquilo que lhe deram.

Encho-me de orgulho em falar nesta avó.

 Da outra lembro-me que me levava á pastelaria do Sr. João a comer um "lencinho", até que uma doença a levou sem deixar que eu a pudesse conhecer bem e que um dia destes recordaria as memorias com avó Alice aqui no meu espaço.

Daqui a uns tempos lá vou eu á vida e avó Liberdade continua no sofá a ver a sua novela á espera que o telefone toque e eu poder dizer: "Vó, é a Joana!"

Ela provavelmente nunca vai ler isto que lhe escrevo, mas sei que o sente. Porque quem tá comigo á 18 anos sabe de cor o que sinto.

Esta é a minha Heroina!

Os dedos de conversa dela já estão cheios de artrose, mas é com ela que tenho as melhores conversas, é dela que vem os melhores conselhos.

Minha Avó Lili...

publicado por Joana às 13:17

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